Neo-evolution

Harvey Fineberg mostra três caminhos possíveis para a nossa evolução: ou paramos de evoluir porque chegamos a um equilíbrio com nosso ambiente, ou continuamos a evoluir naturalmente, ou começamos a controlar nossa evolução geneticamente, nos tornando mais fortes, mais ágeis, ou mais inteligentes. Esta é uma das palestras mais interessantes que já assistí no TED. São 20 minutos que valem a pena.

TED talks: Clay Shirky diz como a mídia social pode fazer história

Em uma das palestras mais bacanas que já vi no TED, Clay Shirky mapeia as diferenças entre as mídias tradicionais e a web e, através de três histórias, dá pistas de como podemos usar a web para criar ambientes que dêem suporte a grupos de pessoas, para que suas mensagens cheguem onde devem chegar.

Para ver a legenda em português basta clicar em “view subtitles” e escolher “português”.

TED talk: Ray Kurzweil fala sobre a Singularity University

Um computador (ou seu poder computacional) ocupava um prédio inteiro no campus na década de 70 hoje ocupa o nosso bolso. É possível, de acordo com Kurzweil, imaginar que em breve teremos vários componentes eletrônicos instalados em nosso próprio corpo e que poderemos ter as nossas capacidades corporais melhoradas através destes dispositivos. Desta expectativa surge a necessidade de uma universidade para estudar o impacto destes fatos. É isto o que Kurzweil propõe.

Este tema também é tratado em seu livro The singularity is near: when humans transcend biology. Como o título insinua, Kurzweil afirma que a evolução biológica tende a transformar-se em evolução tecnológica na medida em que corpos começam a receber a contribuição de implantes eletrônicos e componentes feitos a partir da nanotecnologia.

TED talk: Clay Shirky fala como o superávit cognitivo mudará o mundo

Clay Shirky é autor do  livro Here Comes Everybody: The Power of Organizing Without Organizations que trata do tema de colaboração como modo criativo. Neste livro, que acabei de ler, ele faz comparações interessantes entre a “forma” criativa usada em organizações, que privilegia a hierarquia, e a livre e colaborativa. Ao lê-lo, lembrei de um artigo interessante sobre a construção de programas de computador, Cathedral and the Bazaar: Musings on Linux and Open Source by an Accidental Revolutionary que compara os métodos de gerenciamento de software tradicionais com o método open source. Os dois são uma ótima leitura para quem acha que a colaboração online é um dos assuntos mais interessantes dos nossos tempos digitais.

TED talk: Ray Kurzweil fala sobre como a tecnologia nos transformará

Inventor, empresário e visionário, Ray Kurzweil explica em grande detalhe porque, na década de 2020, teremos feito a engenharia reversa do cérebro humano e nanorobôs irão operar nossa consciência. Uma das palestras mais instigantes do TED, e que eu tive o prazer de traduzir para o nosso idioma.

Nesta palestra Ray fala sobre a tarefa de mapear o genoma humano e de como as previsões sobre a duração desta tarefa foram subestimadas, e explica porquê. Ele afirma que vários parâmetros tecnológicos se desenvolvem acompanhando uma curva exponencial, e não linear, como geralmente se assume. A partir desta constatação, ele faz previsões e traça cenários interessantes para outras áreas do conhecimento, principalmente na medicina. Em outra palestra, Ray teoriza sobre a singularidade, momento em que o poder computacional dos computadores suplantaria a de um ser humano.

Um dos livros de Ray Kurweil é a Era das máquinas espirituais (The Age of Spiritual Machines: When Computers Exceed Human Intelligence), um dos livros mais interessante que já li, obrigatório para quem quer entender o que a tecnologia fará em nosso futuro próximo.

TED talk: Kevin Kelly sobre o futuro da web

 

Esta palestra é do final de 2007 e mesmo assim é surpreendente. Kevin Kelly fala agora de como a internet cumpriu promessas que pareciam impossíveis, como a de montar uma enciclopédia colaborativa, ou a de interligar todos os seus amigos, imagens de satélite do mundo todo etc. E prossegue esboçando o que ele espera da internet do futuro próximo. As conclusões a que ele chega são impressionantes.
Palestra obrigatória para quem trabalha com web.

Abaixo alguns livros do palestrantes. Estou lendo agora o Out of Control: The New Biology of Machines, Social Systems, & the Economic World, que recomendo para quem está querendo entender tendências e ficar antenado com as mudanças que a web promove e continuará promovendo em nossas vidas.

Data visualization: segunda parte

No primeiro post desta série falei um pouco sobre como é difícil para nós ligar um gráfico (ou seja, uma visualização de dados) a um significado que faça sentido em nossas vidas. David MacCandless é um jornalista apaixonado por descobrir padrões de significado em gráficos aparentemente neutros. É dele o gráfico do post anterior.

Veja como ele faz para interpretar e explicar gráficos complexos e colocá-los em perspectiva, de forma a gerar um conteúdo rico para que entendamos melhor o mundo em que vivemos.

Depois veja também o terceiro post da série.

TED talk: Emily Pilloton faz design com a comunidade

A designer Emily Pilloton mudou-se para a área rural de Bertie County, na Carolina do Norte, para participar de um audacioso experimento de transformação da comunidade liderada pelo design. Ela está ensinando uma classe de design e construção chamada Studio H que envolve mente e corpo de alunos do ensino médio enquanto os conduz a um design inteligente e novas oportunidades para o condado mais pobre do estado.

Uma iniciativa interessante do que poderíamos chamar de metadesign: em vez de projetar diretamente a solução, a estratégia é de envolver a comunidade para que ela se envolva no projeto.

iOS e Android, tudo ao contrário

Ontem li um artigo cujo título é Dez razões porque o iOS é melhor que o Android. O que mais me surpreendeu foi como seu autor interpretou os fatos de modo a fazer o título ter alguma sombra de razão. Vejamos. Estes são os motivos alegados pelo autor para nos convencer de sua tese. Abaixo, meus comentários sobre cada um.

1. O principal motivo para os fabricantes usarem Android é uma questão econômica – é de graça.

Sim, o sistema em si é de graça e a maioria de seus aplicativos também. Só não entendi como isto pode ser ruim. Nesta frase e nesta argumentação está embutida a idéia de que algo gratuito não pode ser bom. Por esta mesma lógica, o Gmail não seria um serviço de e-mail razoável, nem o Google Calendar algo útil, e nem o Google Maps, o YouTube, Reader, o News, o Earth… Recomendo a leitura do livro Free, de Chris Anderson, que aliás, pela mesma lógica, seria um livro péssimo, porque é distribuido de graça.

2. O dispositivo iOS é um dispositivo de uma companhia de tecnologia, e não de uma operadora.

É verdade. A palavra chave na frase acima é uma. Uma só companhia controla o que é feito para o iOS. Uma e só uma. Uma que, aliás, durante algum tempo, só vendeu iPhone através de uma só operadora, a AT&T. Novamente não entendi como ser um sistema aberto pode ser ruim…

3. Android não é sempre projetado para um dispositivo.

Neste caso, a tradução correta seria “para um único dispositivo”. Sim, sim, novamente estamos discutindo que o sistema não é fechado, feito para um só dispositivo. Se pensarmos, o Windows ou o Linux também não rodam só em micros fabricados pela Microsoft. Aliás, ops, a MS nem fabrica micros… e mesmo assim, os sistemas rodam. Pelo jeito, o autor do artigo pensa que um sistema operacional deve ser projetado apenas para um único dispositivo. Premissa curiosa…  Nosoutros, como se dizia antigamente, acreditamos que um sistema operacional que se preza pode funcionar em vários dispositivos. Porisso, justamente, ele poderia ser chamado de “sistema operacional”, por fazer a ponte entre um software e vários hardwares. Perceba que isto dá ao consumidor a chance de usar mais de um hardware… interessante este conceito… esta “tar” de concorrência.

4. O produtor do Android já tem outro OS na manga.

O autor se refere ao Chrome OS. E diz que o Google não vai mais dar bola ao Android quando o Chrome estiver pronto… Não entendi: o Google estaria condenado a só desenvolver um sistema operacional? Não pode fazer um OS pra dispositivos móveis? Quem faz um não pode fazer outro? Não seria ao contrário? O expertise no desenvolvimento de um sistema não poderia contribuir para o desenvolvimento de um segundo? Mas então a Apple não deveria focar somente nos tocadores de MP3? Isto é, se o seu iPod deu certo como produto (e obviamente deu, é um excelente produto) como pode conseguir fazer um bom celular, se já tinha feito um bom tocador de MP3? É, não entendi mesmo esta.

5. Um dispositivo Android sempre será um alvo móvel

Aqui o autor se refere à sucessão de versões que são disponibilizadas, e que você será compelido a estar sempre atualizado, etc. Esta não vou nem responder… nem precisa?

6. Fratura da plataforma e de suporte ao desenvolvimento.

Desta vez o autor se refere à diversidade de dispositivos que podem usar o Android e que, existindo tantos aparelhos diferentes, é impossível que o sistema rode bem em todos. Como já vimos, para o autor do artigo, um bom sistema operacional só pode rodar bem se for feito para um único dispositivo, com um único tamanho de tela, e uma única configuração de teclado. Bem, discordamos. Sistemas Linux, por exemplo, rodam bem em desktops e, quem diria, em notebooks também! E em várias configurações diferentes: uns tem um procesador, outros tem outro, uns tem tela de 14, outros de 15 e outros de 17… uma bagunça! E mesmo assim, um sistema operacional aberto consegue cobrir toda esta variedade, e ainda ser o sistema operacional mais popular do mundo em alguns nichos. E nem falei que existem distribuições diferentes do sistema baseadas em Linux: Ubuntu, Mandriva, Debian, Red Hat, etc. Pro raciocínio do autor isto seria impossível e, quem diria, existe e funciona!

7. Sem marca reconhecível

Caraca! Para o sujeito que escreveu o artigo, o sistema tem que ostentar uma marca! Pra que,  pra mostrar pros amigos… pra poder processar a empresa se algo der errado? Vejamos o exemplo do Apache, um software servidor http, de código aberto. Ele nunca se preocupou com a marca, talvez pelo motivo de nunca ter que fazê-lo, talvez simplesmente porque não objetiva o lucro. E o Apache é o líder absoluto em seu nicho: é o software mais usado no planeta como servidor web.

8. Interfaces não standard podem confundir usuários casuais

É verdade, existe uma curva de aprendizado quando nos deparamos com um nova interface. Mas estou certo de que este fato nunca impediu desenvolvedores (nem da Apple nem da Microsoft ou do Linux) de lançarem novas versões de suas interfaces. Sempre que mudamos de aparelho esperamos por uma interface diferente. Na verdade, um dos motivos de tanta gente comprar um novo celular todo ano é a esperança que a interface seja diferente, caso contrário, pra que gastar dinheiro? Bem, não sei quanto a vocês, mas eu gosto de interfaces novas, principalmente se forem também melhores. Aliás, se eu comprar um celular daqui a dois anos e a interface vier igual à de hoje, vou ficar puto!

9. Open source gerou um mercado  frágil para compradores

O autor afirma que não há espaço para inovação e criatividade no mercado Android se você não for um desenvolvedor grande e reconhecido. Hmmm. Como explicar então a variedade de softwares para Android? Isto está parecendo discurso do Steve Ballmer.

10. Distribuição não balanceada de versões do Android

Novamente, a história das versões. Nosso amigo afirma que nada garante que seu aplicativo Android de hoje rode no Android de amanhã. Bem, até certo ponto, isto é verdade, afinal, novas versões do OS se utilizam de novos recursos de hardware e, muitas vezes, requerem uma atualização dos softwares. Mas isto é verdade em qualquer sistema operacional. Ou os softwares que rodavam bem nos iPhones da primeira geração mantém a mesma versão para rodar  bem no iPhone 4 ? O autor afirma que o fato do fabricante do software ser o mesmo fabricante do hardware (no caso do iPhone) garante maior compatibilidade… *suspiro*. Amigo, se você comprar um headfone de uma geração do iPhone e tentar usar na próxima, ele já não funciona… às vezes nem encaixa, pois a Apple faz questão de criar novos plugs a cada versão de seu hardware para obrigar seu consumidor a comprar novos fones de tempos em tempos. E você vem me falar de versões de software…

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Enfim, me parece que o sujeito autor do artigo mencionado no começo deste post (cujo nome não encontrei ao longo do texto) simplesmente não está acostumado ao mundo open source. Não está acostumado a pensar que código aberto (na cabeça dele, um código macarrônico, feito por um bando de malucos desocupados) pode ser mais eficiente que uma solução feita a partir das cabeças coroadas e bem empregadas em uma única empresa, localizada nos EUA.

Vamos ver quem ganha a partida: uma arquitetura fechada, um mercado de software sob controle e censurado, a necessiade de paridade entre software e hardware, ou as soluções abertas, os códigos abertos, um mercado também aberto, e um modelo de negócio que não depende da aprovação do Steve Jobs pra existir.

Hoje, o anúncio da Apple, tão genial quando foi ao ar há décadas, poderia ter como Grande Irmão o próprio Steve, que quer controlar mercado, hardware e software.